Rua dos Tanoeiros

A Rua dos Tanoeiros noutros tempos
( créditos: Madeira Quase Esquecida / Facebook )


A Rua dos Tanoeiros mantém a matriz desde o início que é de ser uma artéria da cidade do Funchal caraterizada pelo seu caráter comercial. Os nomes que ostentou ao longo dos anos são exemplo disso mesmo.

por: Paulo Camacho

A rua que atualmente vai da Rua 5 de Outubro à Rua da Alfândega deve o seu nome atual ao facto de ali terem existido diversas oficinas da arte da tanoaria.
Curiosamente, o facto de existirem muitas tanoarias não aconteceu pelo fator imitação. Antes foi uma imposição camarária, no primeiro quartel do século XVIII, que obrigou os profissionais a irem para a rua do seu ofício com o argumento de que aqueles que trabalhavam no terreiro da Sé incomodavam com as suas marteladas.
Muitas pipas foram feitas por ali para conservarem o vinho Madeira. Hoje não resta nenhuma oficina para contar a história.
Diríamos até que, se fosse aplicado o mesmo princípio da designação da prevalência das atividades, durante muito tempo, deveria ser chamada “rua das sapatarias”. Esse pendor há muito que se perdeu e hoje começa a ter uma componente muito forte de restauração.

A rua já existe com a actual designação, pelo menos desde o século XVI.
Não obstante, a Rua dos Tanoeiros foi conhecida no princípio do século XX pelo nome popular de Rua dos Espanhóis, pelo facto de ali residirem e comerciarem grande número de castelhanos.
Podemos referir ainda que se chamou anteriormente Rua dos Tanoeiros Grande e, antes disso, Rua do Poço Novo.
De acordo com a informação das vereações do Funchal no século XV, entre as 12 ruas que existiam, uma delas era dos Tanoeiros, então chamada Rua de Álvaro Matoso.
Na realidade, existiram duas ruas com o nome: a Rua dos Tanoeiros Pequena e a Rua dos Tanoeiros Grande, que foi igualmente chamada de Rua do Poço Novo. A primeira teve anteriormente o nome Rua Álvaro Matoso.
A Rua dos Tanoeiros Pequena desapareceu com a aluvião de 1803.
Segundo explicou Rui Santos nas suas Crónicas de Domingo, no Jornal da Madeira, essa rua correspondia à parte da Rua 5 de Outubro entre a confluência com a Rua dos Ferreiros e, pelo menos, até há antiga Ponte do Cidrão e antes de ser feita a ligação à Rua do Príncipe (atual Rua 5 de Outubro), abaixo da Ponte do Bettencourt.

A localização e a oferta comercial fez com que a rua sempre tivesse grande movimento. Hoje, arriscamos a dizer que tenha menos movimento.
Uma referência ainda para mencionar que a Rua dos Tanoeiros sempre teve alguma apetência para problemas com o mau tempo. Tal como aconteceu em 2010, a 20 de Fevereiro, com a ribeira de Santa Luzia a transbordar e levar água e pedras rua abaixo até bem dentro das lojas, a 9 de Outubro de 1803, a Rua dos Tanoeiros, tal como outras ruas do Funchal, foi atingida pelos efeitos do grande aluvião que destruiu uma parte considerável da cidade.
Para além dos estragos materiais, registaram-se também perdas de centenas de vidas humanas.

A Rua dos Tanoeiros tem cerca de 138 metros de comprimento.

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Ruas do Funchal

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O blogue Ruas do Funchal surgiu pelas interrogações que os nomes não me revelavam.

A dificuldade era grande para conhecer o que estava para além do retângulo preto e letras brancas.

Daí surgiu o desejo de conhecer o que esconde cada nome de rua, de avenida, de praça, de lugares da cidade capital da ilha da Madeira. Os espaços que interligam lugares.

Recolhi informação dispersa e produzi.

Continuam a existir realidades desconhecidas que se terão perdido no tempo. Obriga a uma busca persistente, procurando peças de um grande puzzle. Tudo para resultar em mais uma revelação em prol da cidade do Funchal. Cada post é o resultado de muita pesquisa em várias fontes.

As histórias que aqui pode ler e ver em Ruas do Funchal ainda são poucas em relação ao número de arruamentos existentes na cidade. Tenho material para avançar com mais posts, mas exige o tempo que não tenho.

Além da componente escrita, existem fotografias antigas com as quais quero fazer a ponte entre os anos e mostrar vivências dos lugares que hoje conhecemos.

As fotografias, sobretudo as antigas, transportam-nos para épocas que marcaram vivências de um povo que soube caminhar, pese embora, algumas vezes, destruindo história, não a deixando chegar às gerações seguintes.

Este blogue é um lugar único. Reúne a história dos nomes.

O projeto é contínuo, assente num rumo onde o caminho se faz passo a passo.

Paulo Camacho

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